Eu sei, não dá pra abraçar o mundo com as pernas; e nem com os braços. Não dá pra afagá-lo, pondo debaixo das asas.
As asas que, às vezes, regamos; que, às vezes, nos roubam; que, quase sempre, nos podam. As que cultivamos em segredo.
Tenho um rastro de penas no chão, sou penosa. Mas me perco em buracos. Os de fora, os dentro.
Os meus, os dos outros. Eles doem, eu não grito, emudeço. Muda, porém não mudam.
Sempre os mesmos dramas, sempre novos dramas. Novas dores, novos buracos.
Nem que tivesse todas as penas do mundo;
sem mundo e sem penas, sou de nada.